VIDA E ORIGEM DO RIO SÃO MIGUEL
Após o descobrimento do Brasil, o El rei Dom Manoel, o venturoso, organizou a
primeira expedição, uma frota de três caravelas, uma dela era comandada por
André Gonçalves Coelho e pilotada por Florentino Américo Vespúcio. A esquadra
saiu de Lisboa em 10 de maio de 1501. A finalidade “dessa expedição” era fazer
uma exploração econômica no litoral brasileiro.
Os
exploradores na passagem para Barra de São Miguel, em 29 de setembro de 1501
avistaram a foz de um rio nas proximidades de um lugar denominado de Roteiro,
como era de costume batizar os pontos descobertos, de acordo com o santo de
cada dia e a festividade religiosa assinalada no calendário da época. O dia 29
de setembro como era consagrado pela igreja católica ao Arcanjo São Miguel,
Gonçalves Coelho lhe pôs o nome de rio São Miguel. Que também era chamado
de Sinimby, segundo o mapa de Barleus “edição holandesa” diz que tanto o rio
como o engenho traz o nome de Sinimby.
O rio São
Miguel talvez tenha sido o primeiro rio oficial descoberto pelos exploradores
portugueses no Brasil. O rio São Francisco foi descoberto cinco dias depois,
conforme os dados do calendário escrito na época vejam:
- 16 de agosto de 1501: Cabo de São Roque;
- 28 de agosto de 1501: Cabo de Santo Agostinho;
- 29 de setembro de 1501: Rio São Miguel;
- 04 de outubro de 1501: Rio São Francisco;
- 01 de novembro de 1501: Baía de Todos os Santos;
- 21 de dezembro de 1501: Cabo de São Tomé;
- 01 de janeiro de 1502: Rio de Janeiro;
- 06 de janeiro de 1502: Angra dos Reis;
- 20 de janeiro de 1502: São Sebastião;
- 22 de janeiro de 1502: Porto de São Vicente.
Suas
margens eram cobertas de pau-brasil, a árvore que deu nome ao nosso País, as
terras próximas ao rio eram bastante produtivas, continha um riquíssimo acervo
cultural, onde seus verdes campos se estendiam por toda parte do seu leito
ribeirinho. E as suas margens eram habitadas pelos índios caetés, nossos
primeiros habitantes, conhecidos como sanambis (calango verde).
O Rio São
Miguel é a principal Bacia Hidrográfica do Município situada sobre a Bacia Sedimentar
de Alagoas, sua foz tem uma aparência de uma boca, um lugar formidável, onde o
rio se encontra com a lagoa e defronte a lagoa passa o Oceano Atlântico
formando assim, um lindo triângulo amoroso. A boca da barra como é conhecida
esta quase obstruída por um cordão de recifes que aí se alonga justamente com
depósitos arenosos de croas.
O rio São
Miguel, nasce no festonamento do patamar de uma fazenda, no modesto município
de Tanque D’arca, por detrás de um lindo formato de pedras, nas encostas de uma
pequenina serra denominada de “frades do mar vermelho”.
O seu
panorama é muito bonito com belas pastagens verdes ao seu redor, onde fluem os
rios: cachoeira, mata verde e boca da mata (nome da propriedade de Boca da Mata
de J. Carneiro), os quais se unem nas proximidades de Maribondo e formam o rio
principal. No decorrer do seu percurso, vão aparecendo os seus pequenos
afluentes que penetram por suas valas existentes.
Não muito
distante dali, ele banha a fazenda Mata Verde, por onde passa por dentro de um
lindo capinzal, com destino ao povoado de Tapera no município de Anadia, lá as
gramas e relvas cobrem os pequenos canais, por onde a água é distribuída em
diversas direções, suprindo a população que ali habita. Ele também passa na
proximidade do município de Boca da Mata e chega a São Miguel dos Campos, aí
começa a sofrer as influências da maré. Mas adiante ele encontra a cachoeira
dos Góis. Um lugar no qual os pescadores apreciam as águas claras e
cristalinas, onde os peixes são vistos a olho nu. Logo após ele avista a igreja
Santo Antônio do Furado, fundada em 1725, havia abaixo do seu altar-mor um
túnel subterrâneo que ia de encontro ao rio. Na história está escrito que os
holandeses se apossaram da dita igreja, e construíram o tal túnel, para se
esconder das tropas portuguesas. Na virada que o rio dá na proximidade da Usina Roçadinho, ele guarda um lindo tesouro completo de diamante, bem no fundo de um
redemoinho, este fato virou uma lenda popular e ficou conhecida na história do
município como a “Lenda da Volta da Tacha”.
Antigamente
o rio São Miguel era muito navegável, onde várias barcaças transportavam açúcar
para Santa Madalena do Sul, aonde de lá o açúcar ia de navios para Europa. E
muitos miguelenses viajavam de barco e canoa com destino a Barra de São Miguel,
Roteiro, Jequiá da Praia e vice-versa.
Nas
terras próximos ao rio são explorados os calcários para a fabricação de
cimento. Têm-se ainda, como recursos minerais a argila e areia, além de uma das
maiores reservas de Gás e Petróleo do Estado.
Hoje uma
das consequências do rio São Miguel é a poluição, decorrente, principalmente
dos esgotos domésticos e dos resíduos industriais, sem que se tomem medidas
adequadas de proteção ambiental. Essa poluição é agravada pelo fato de
atravessar a área agrícola, que é grande o uso de agrotóxicos, cujos restos são
despejados em suas águas.
O acúmulo
de dejetos provoca a proliferação de bactérias e um grande aumento no consumo
de oxigênio. Isso ocasiona a deterioração e eliminação da fauna e da flora. Ao
mesmo tempo estão construídos algumas estações de tratamento do esgoto doméstico,
em vários pontos da cidade. Com essas medidas, as águas deverão ficar bem mais
claras do que hoje, o mau cheiro desaparecerá e o rio começará a ser usado para
o lazer, como também para o consumo da população. Um intenso trabalho foi
realizado pela prefeitura do município, foram identificadas as indústrias
poluidoras que passaram a ser controladas e fiscalizadas. Os peixes e os
crustáceos voltarão com certeza ás águas do rio, assim como barcos e canoas. O
rio já começou a ganhar uma nova estrutura, principalmente na sua margem
direita, nela foi construindo um lindo cenário turístico para beneficiar não só
à cidade, como também os turistas e a população que aqui habitam.
Por fim
ele desagua na Lagoa Roteiro, onde suas águas desencantam totalmente por
inteiro.
Texto do
livro Fatos Históricos de Minha Terra, sobre a história de São Miguel dos
Campos - AL
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